O Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade (HABIS) surgiu em 1993. Vinculado ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de São Paulo (IAU/USP), no Campus de São Carlos, o Habis está localizado a aproximadamente 240 quilômetros da cidade de São Paulo. As primeiras pesquisas do Grupo sobre o tema da habitação social em áreas rurais começaram a ser desenvolvidas a partir do início dos anos 2000, com foco em análises sobre políticas públicas setoriais e programas habitacionais. Em 2003, o Habis iniciou um projeto de pesquisa-ação no assentamento rural Pirituba II, em Itapeva, na região sudoeste do estado do São Paulo, que ficou conhecido como Projeto Inovarural. O principal resultado desse projeto, que contou com financiamentos públicos e articulou atividades de pesquisa e assessoria técnica, foi o projeto e a construção de 42 casas, produzidas em mutirão e autogestão. O Inovarural também contou com o desenvolvimento de produtos tecnológicos aplicados a estas moradias (como as Vigas Laminadas Pregadas, fabricadas com madeira de rejeito das serrarias locais, e a fabricação de esquadrias em madeira, por meio de uma marcenaria coletiva), associando a formação e participação popular nas etapas de projeto e obra.
No ano de 2006, em decorrência da experiência com o Inovarural, o Habis coordenou um segundo projeto de pesquisa-ação, também direcionado à produção de habitação social em áreas rurais. O Projeto Sepé, como foi denominado, foi desenvolvido no assentamento rural Sepé-Tiaraju, na cidade de Serra Azul, região noroeste do estado de São Paulo. Esse projeto resultou na construção de 77 casas, que também foram financiadas com recursos públicos e construídas em brigadas de trabalho coletivo. Neste projeto, os pesquisadores-assessores também desenvolveram e aplicaram: um sistema de cobertura em painéis pré-fabricados; um sistema de tratamento de esgoto com círculo de bananeiras; além de soluções alternativas para a captação de água (cisternas), geração de energia (cata-vento) e reciclagem/reuso de resíduos, por meio da permacultura.
Além desses dois projetos, o Habis também tem promovido diversas modalidades de cursos de extensão, por meio dos Canteiros-Escola. De 2008 a 2016, foram promovidas cinco edições desta atividade, proporcionando a um público diverso (estudantes, pesquisadores e trabalhadores da construção civil) oportunidades de formação complementar em arquitetura e construção, a partir de diferentes experimentações práticas, como: Abóbodas Mexicanas (2011), Taipa Japonesa(Tsuchikabe, 2013), Casa Suindara – 2014 a 2015 (construção de uma unidade habitacional no assentamento rural Nova São Carlos, em São Carlos, com técnicas e sistemas construtivos em madeira e terra crua) e Canteiro-História (2016). No período de 2015 a 2017, alguns pesquisadores do Habis ainda desenvolveram um projeto de banheiro seco no Tekoá Ytu (aldeia Guarani localizada no Pico do Jaraguá, em São Paulo), associando a formação complementar em arquitetura e construção com a intervenção coletiva e solidária em um território indígena marcado por conflitos fundiários e precariedades com infraestrutura.
Com o objetivo de divulgar e ampliar o debate sobre estas experiências – que raramente aparecem nas práticas de ensino, pesquisa e extensão da maioria das Escolas brasileiras de Arquitetura e Urbanismo –, o Habis coordenou a organização das duas últimas edições do Colóquio Habitat e Cidadania, que foram realizadas, respectivamente, em São Carlos (2011) e em Brasília/DF (2015)*. O Colóquio Habitat e Cidadania é um evento político e científico, de âmbito nacional, e seu objetivo é promover e ampliar o debate sobre a questão da habitação e do habitat nas áreas rurais brasileiras, especialmente na área de arquitetura, urbanismo e planejamento. Durante as três edições realizadas até o momento, o evento reuniu estudantes de graduação, pós-graduação e professores, de diferentes áreas do conhecimento, como arquitetura, engenharias, geografia e sociologia. Também já passaram pelos Colóquios: movimentos sociais organizados, camponeses, indígenas, quilombolas, seringueiros e atingidos por barragens, além de profissionais envolvidos com assessorias técnicas direcionadas a projetos habitacionais, de infraestruturas e solução de conflitos fundiários.
Em 2018, o Habis concluiu a pesquisa "Produção do PNHR nos assentamentos rurais do estado de SP: inserção territorial e avaliação arquitetônica, construtiva e tecnológica" (financiada pelo CNPq), que deu origem a este I Seminário Regional do Habitat Rural.
* A primeira edição do Colóquio Habitat e Cidadania aconteceu em Natal, em 2006, e foi organizada pelo Grupo de Estudos em Reforma Agrária e Habitat (GERAH), do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Rio Grande do Norte. Nas duas edições seguintes, além da colaboração do GERAH e da USINA-CTAH (Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado), o Habis também contou com a parceria do CASAS - Centro de Ação Social em Arquitetura Sustentável, vinculado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.
Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade
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